Mostra de cinema marca dia Nacional da Luta Antimanicomial no DF

Instituições ligadas à saúde mental defendem atendimento humanizado

Daniella Almeida – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 18/05/2025 – 12:31
Brasília


© Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Camisa de força e amarrações em uma maca para restrição de movimentos, excesso de medicamentos, agressão por outra paciente na enfermaria e pessoas nuas urinando por todos os cantos de um pátio. Essas não são cenas de um filme antigo. Mas algumas das lembranças que Deysielen Fialho, 30 anos, tem da última internação em um hospital psiquiátrico do Distrito Federal, em 2024.

“Foi uma coisa horrível, bem complicado mesmo”, resgata a jovem sobre a internação de duas semanas.

Deysielen tem depressão, ansiedade e transtorno de personalidade borderline (TPB), caracterizada por instabilidade emocional e dificuldades em se relacionar. A jovem somente deixou a unidade hospitalar depois da família pedir a alta médica e assumir a responsabilidade por possíveis implicações pelo tratamento em saúde mental não concluído.

A paciente, então, começou a fazer terapia em grupo nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) de Taguatinga, depois, no de Samambaia e, atualmente, é atendida do Caps Paranoá, a 20 quilômetros de Brasília. O serviço comunitário e as aulas de teatro têm ajudado na reabilitação dela, avalia a própria Deysielen.

“Sempre que vou é muito interessante. Vejo as pessoas conseguindo se expressar. É libertador fazer aqueles exercícios, não só de movimentação, mas também de respiração. É muito legal também fazer artesanato. A gente conversa e sempre escuta música, enquanto vai fazendo tudo proposto”, conta.

A presidente do Conselho Regional de Psicologia, Thessa Guimarães, defende o fechamento do Hospital São Vicente de Paulo, por contrariar as diretrizes da reforma psiquiátrica.

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

ACOLHIMENTO E REABILITAÇÃO

Brasília (DF), 17/05/2025 – Rita Luciene participa da mostra de cinema antimanicomial, no Cine Brasília.

Outra paciente do Caps do Paranoá, Rita Luciane da Paixão Sousa, de 53 anos, moradora do Itapoã (DF), revela ter tentado suicídio oito vezes e, por isso, foi internada compulsoriamente em unidades psiquiátricas. Ela diz que já foi vítima de violência sexual e hoje toma medicamentos para controlar a ansiedade e a “vontade de sumir no mundo”, como ela própria descreve o sentimento latente nos momentos de crise.

Rita Luciene foi internada compulsoriamente em unidades psiquiátricas.

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Atualmente, frequenta sessões de terapia grupo no centro, quando compartilha vivências, além de ter aulas de crochê e de tricô com retalhos de malha.

Para definir o que é acolhimento de verdade, Rita diferencia os tratamentos recebidos em um hospital psiquiátrico e em um Caps.

“É melhor do que o hospital, porque a gente tem mais possibilidade de chegar e conversar com eles [os profissionais de saúde] que nos atendem. É tipo uma família. Porque, quando eu dou minhas crises, venho aqui e eles me acolhem”, reflete.

SERVIÇO

1ª Mostra de Cinema Antimanicomial do Distrito Federal (DF) Raquel França

18/05 – domingo

16h: De perto quem é Normal – Artheria

Ocupação Valente – Movimento Antimanicomial DF

Maluco Voador Além do Som – Lucas Moraes

Capsianos – Companha Atravessa a Porta

17h30: intervalo + performances

18h: roda de conversa: saúde mental indígena

19h: Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos – Renée Messora e João Salaviza


Fonte: Agencia Brasil / EBC

ink Original: https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2025-05/mostra-de-cinema-marca-dia-nacional-da-luta-antimanicomial-no-df