A Fome no Brasil e no Mundo

A fome, definida pela ONU (Organização das Nações Unidas) como a falta crônica de alimentos para atender às necessidades básicas do corpo humano, é um problema global devastador. De acordo com dados do Relatório Mundial sobre a Segurança Alimentar e Nutricional, 828 milhões de pessoas no mundo ainda passam fome, o que equivale a 10% da população global. Em um cenário de crise climática, guerras e a intensificação de desigualdades econômicas, o número de pessoas subnutridas só tende a aumentar, levando a consequências irreversíveis –mortalidade infantil, o comprometimento do desenvolvimento físico e mental e o aumento da pobreza.

No Brasil, 1/3 dos alimentos são desperdiçados e 1/3 da população passa fome, uma situação alarmante. Apesar de ser um dos maiores produtores agrícolas do mundo, o Brasil enfrenta uma situação paradoxal: a escassez de alimentos convive com um grande desperdício e a concentração de riquezas em poucas mãos.

Segundo dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar, mais de 33 milhões de brasileiros passam fome no país, número que não era registrado desde 2004. A fome no Brasil não é apenas uma questão de escassez, mas sim de distribuição desigual, de pobreza estrutural e da falta de políticas públicas efetivas que garantam o acesso à alimentação de qualidade a todos.

Além disso, a fome afeta desproporcionalmente grupos mais vulneráveis, como crianças, mulheres e populações negras, que enfrentam uma combinação de racismo, sexismo e classismo, o que agrava ainda mais as disparidades alimentares. Este contexto exige ação urgente. E uma das formas mais poderosas de abordar essas questões é por meio da arte, em especial do cinema, que tem a capacidade de contar histórias emocionantes, provocar reflexões e mobilizar a sociedade.

Arte contra a fome?

O Festival Encurta Fome é um festival de curtas-metragens realizado pelo Instituto Entenda, que nasce com o objetivo de sensibilizar e provocar uma reflexão crítica sobre a fome no Brasil e no mundo.

O festival será realizado em Cunha, cidade que, além de sua beleza natural, busca ser um polo cultural no interior do Estado de São Paulo, com uma forte conexão com a arte e a educação. Ao longo de três dias, o Festival ENcurta FOME reunirá cineastas, ativistas, estudantes, professores e o público em geral para discutir a fome não apenas como um problema, mas também como um reflexo das injustiças sociais que precisamos combater.

Por meio de exibições de curtas-metragens, o festival buscará destacar como a fome se manifesta de diversas formas: desde a falta de alimentos em comunidades periféricas até a má distribuição de recursos, passando pela fome simbólica que afeta a autoestima e a identidade das pessoas. Os filmes serão escolhidos por uma curadoria criteriosa, composta por cineastas, profissionais do audiovisual, críticos e especialistas na área social, e abordará a fome sob diversas óticas –dramatúrgica, documental, ficcional e experimental.

Além das exibições de filmes, o ENcurta FOME contará com um Bate Papo sobre a Desigualdade Social, Insegurança Alimentar, Meio Ambiente e Sustentabilidade, que reunirá especialistas, ativistas e sociólogos para discutir políticas públicas, alternativas inovadoras e ações de mitigação d problema. O evento também proporcionará um espaço de troca de experiências entre os participantes, buscando encontrar caminhos pragmaticos para combater a fome no Brasil.